Sobre chá & cosmomancia

Se você está lendo isso, provavelmente sabe que cosmomante é meu username em todas as redes sociais. Foi um neologismo que inventei com esse propósito, porque o meu nome não se presta a esse papel. O’Neill pode ser um sobrenome incomum no Brasil, mas na gringa ele é tão corriqueiro quanto um Machado ou um Silva. Como consequência, quando faço cadastro em um novo site, usuários como ninaoneill e variantes quase nunca estão disponíveis. Além disso, existem muitas formas de escrever meu sobrenome errado: O’Neil, O’Neal, O’Niel, enfim, você entendeu. Eu queria um nome de usuário único e fácil de lembrar como escreve, então resolvi inventar uma palavra.

Mas o que significa “cosmomante” afinal de contas? A palavra é formada por dois elementos de composição. O primeiro, “cosmo”, exprime a noção de universo. O segundo, “mante”, talvez você reconheça de palavras como necromante, piromante ou geomante que, na fantasia, referem-se a magos especializados em alguma disciplina específica. Como escritora, eu gosto de pensar que eu sou uma espécie de maga, usando palavras para construir um universo, ou seja, uma cosmomante.

Certo, agora você sabe de onde vem o cosmomântico, mas por que chazinho? Para explicar essa parte eu preciso primeiro que você entenda que, para mim, chá não é apenas uma bebida, chá é um evento. Há todo um ritual que envolve preparar a água na temperatura certa, esperar o tempo de infusão e beber calma e silenciosamente enquanto leio um livro, converso com alguém ou apenas penso na vida. É um momento do meu dia em que me permito romper por completo com o ideal de produtividade da nossa sociedade capitalista. Enquanto ainda há chá na minha xícara, eu não preciso pensar nas minhas metas ou tarefas para o dia. Eu estou livre para ser ✨inútil✨

A hora do chá é um momento de desacelerar, por isso achei que combinava muito com o espírito de uma newsletter. Penso que newsletters estão meio na contramão das tendências atuais para a internet. Prioriza-se cada vez mais conteúdo curto, de preferência em forma de vídeo, que você pode consumir sem pensar. Enquanto isso, as newsletters exigem que você leia parágrafos de texto sem sequer ter o incentivo de poder registrar os resultados do seu esforço em algum app de leitura para se orgulhar de sua produtividade. É uma desaceleração do mesmo tipo que a propiciada pelo meu ritual do chazinho.

Nos últimos anos, minha maior presença na internet tem sido em sites de postagens curtas, como o falecido Twitter/X e agora o Bluesky. Por mais que eu goste desse tipo de rede social, eu sinto falta de um lugar como os antigos blogs. Um espaço para postar textos mais elaborados, onde a torrente de conteúdo para consumo rápido é substituída por ensaios longos registrados de maneira organizada para que possam ser encontrados e consultados segundo a conveniência de quem os procura. De certa forma, ao criar o Chazinho Cosmomântico, uma das minhas intenções é me obrigar a adquirir o hábito de sentar para escrever sobre o que eu penso dentro dos temas escrita e literatura de uma forma mais completa do que é possível fazer nas redes sociais. Se isso te interessa, inscreva-se e garanta o seu chazinho cosmomântico periodicamente no seu e-mail 🫖🍵